A maturidade, idealmente, deveria ser um período de serenidade, de sabedoria acumulada e de relações interpessoais pautadas pela experiência e pela tranquilidade. Contudo, a realidade, por vezes, nos apresenta um cenário dissonante, onde indivíduos em idade madura manifestam comportamentos descontrolados que impactam negativamente o ambiente profissional e as dinâmicas de equipe.
Atitudes como a vitimização constante, a obstinada busca por ter sempre a razão, a necessidade compulsiva de proferir a última palavra e, quando confrontados, reações explosivas marcadas por gritos e arrogância. Por trás dessa fachada de autoridade e inflexibilidade, frequentemente reside uma profunda insegurança, um medo latente de perder o controle ou de ter suas fragilidades expostas.
Pessoas capazes de demonstrar empenho e até mesmo eficiência na execução de suas tarefas laborais possam ser as mesmas a minar a produtividade coletiva através de suas interações disfuncionais. O desdobramento das atividades perde seu brilho e eficácia quando confrontados com um comportamento tóxico que envenena a atmosfera profissional. A constante necessidade de autoafirmação através da imposição de suas opiniões, a resistência ferrenha a qualquer perspectiva divergente e a teatralização da vitimização criam um clima de tensão e desconforto. A equipe, em vez de se sentir unida por um propósito comum, encontra-se em constante estado de alerta, receosa de despertar a ira ou a defensiva daquele colega que, pela idade, talvez esperasse-se um comportamento mais ponderado.
A raiz desses comportamentos descontrolados na maturidade pode ser multifacetada. Traumas passados não resolvidos, frustrações profissionais ou pessoais internalizadas ao longo dos anos, ou até mesmo a dificuldade em lidar com as mudanças e a sensação de obsolescência em um mercado de trabalho dinâmico, podem fermentar essa insegurança subjacente. A necessidade de ter sempre a última palavra, de se colocar como detentor da verdade absoluta, pode ser uma tentativa desesperada de manter uma sensação de controle em um mundo que muitas vezes parece caótico e imprevisível.
A comunicação se torna hesitante e filtrada. Superar esses padrões de comportamento destrutivos exige, antes de tudo, um reconhecimento da própria insegurança. A maturidade não é uma blindagem contra as vulnerabilidades humanas; ao contrário, pode ser um momento certo para confrontá-las e buscar formas mais saudáveis de interação. A abertura ao diálogo, a disposição para ouvir diferentes perspectivas sem se sentir ameaçado, a humildade em reconhecer que não se detém o monopólio da razão e a busca por validação interna em vez da imposição externa são caminhos para uma convivência mais harmoniosa e produtiva.
Para as equipes que convivem com essa dinâmica, a abordagem deve ser delicada, mas firme. Estabelecer limites claros, comunicar de forma assertiva o impacto negativo desses comportamentos e, em alguns casos, buscar mediação profissional podem ser estratégias para promover uma mudança. No entanto, a transformação genuína reside na disposição individual de cada um em confrontar suas inseguranças e em cultivar uma maturidade que se traduza em relações interpessoais construtivas e respeitosas. Afinal, a verdadeira força da experiência se manifesta não na imposição, mas na capacidade de construir pontes e de colaborar em prol de um bem comum.