A internet, com sua vastidão de conexões e informações, também se tornou palco de uma sombra cruel: o bullying. Seja nas redes sociais, nos comentários ácidos ou nas mensagens privadas carregadas de ódio, essa prática destrutiva ecoa as dores que muitos de nós já sentimos em outros tempos. E eu digo "nós" com a propriedade de quem carregou essa cicatriz por boa parte da vida.
Desde a infância até o limiar da adolescência, minhas palavras tropeçavam em um problema de dicção que, para alguns, era motivo de risos. Trocar o "V" pelo "F", o "C" pelo "S" ou "Z", o "B" pelo "P" e o "D" pelo "T" eram as armadilhas da minha fala, transformando conversas simples em momentos de apreensão e, muitas vezes, de humilhação.
Lembro-me das risadas na igreja, no grupo que deveria ser de acolhimento e fé, enquanto eu me esforçava para ler as escrituras, na escola ou até quando estava brincando com os meus colegas. A inocência da infância sendo manchada pela crueldade de pessoas até próximas que não compreendiam a minha luta. Aos 12 anos, um episódio específico me atingiu de forma tão constrangedora que acendeu em mim uma chama de resistência. Naquele instante, decidi que as risadas alheias não seriam mais a trilha sonora da minha vida.
A leitura, que antes era um desafio público, tornou-se minha aliada secreta. Mergulhei nos livros, buscando em cada sílaba a clareza que me faltava na fala. Aos 15 anos, a vida me presenteou com um convite inesperado: ser cerimonialista de uma festa de debutante. Aceitei, mesmo com as palavras ainda hesitantes, como um ato de coragem e uma declaração silenciosa de que eu não me esconderia.
Aos 16 anos, conquistei o microfone do rádio e passei a apresentar festas na região oeste do nosso Estado. A voz, que um dia foi motivo de chacota, tornou-se meu instrumento de trabalho, minha ferramenta de conexão com o mundo. Foram as críticas dolorosas que me impulsionaram a buscar força em Deus e em mim mesma, pavimentando o caminho para a superação.
Hoje, como advogada, cerimonialista, comunicadora e pregadora da Palavra de Deus, a voz é minha maior aliada. Ela defende direitos, celebra momentos, conecta pessoas e proclama a fé que me sustentou em meio à provação. E é com uma profunda gratidão que constato que aqueles que um dia se divertiram com minhas dificuldades, hoje reconhecem a minha conquista.
Se você está enfrentando o bullying, seja ele na escola, no trabalho ou no ambiente virtual, saiba que a sua dor é real e que você não está sozinho. Assim como eu encontrei forças para vencer, você também pode. O silêncio não é a solução, mas sim o primeiro passo para que a engrenagem da mudança comece a girar.
O bullying não é brincadeira. É violência. Ele deixa marcas profundas, mina a autoestima e pode ter consequências devastadoras para a saúde mental e emocional. Mas existe um caminho para a superação e para a responsabilização dos agressores.
Se você está sofrendo bullying, lembre-se:
Como advogada, eu entendo a complexidade e a delicadeza dessas situações. Não permita que o bullying silencie a sua voz. A sua história de superação pode começar agora. Se eu venci, você também pode vencer!
Foto:. Kadu Pereira @pharusfotografia
Carol, admiro demais sua forma de falar, sua oratória, tudo que diz de forma coerente, simples e autêntica, o público entendi toda forma de amor que você quer entregar, tudo isso ligado a sua empatia e respeito para todos que te ouvem. VOCÊ me inspira com seu exemplo de vida! Muito, muito obrigada por compartilhar conosco um pouco da sua história e sua força. Que Deus continue te abençoando! 👏🏾♥️